Ó Senhor! Se te amasse com todas as forças,
com a força deste amor amaria a meu próximo como a mim mesmo. .Pelo contrário,
sou muito insensível aos seus males, ao passo que sou muito sensível aos
meus; sou tão frio em compadecer-me dele, tão lento em socorrê-lo, tão fraco em
consolá-lo: numa palavra, tão indiferente ao seu bem e ao seu mal....Mas, ó
Deus, se não pudesse amar, Tu não me dirias: “Ama!”; se não tivesse a força de
amar, Tu não me dirias: Ama com todas as tuas forças” (Mc 12, 30, 31). Mas, ó
meu Deus, se eu posso e tenho força, porque não o faço agora diante
de Ti, onde eu o quero, onde procuro querê-lo sinceramente? Talvez eu queira e
não queira ao mesmo tempo? Talvez, amar é algo diferente do que ter boa
vontade? Ó meu Deus! Explica-me meu mal e a necessidade que tenho de Ti, para
servir-me de minhas forças, para querer o que quero, ou para começar a
querer....Ó Senhor! Atrai-me , começa e faze que eu siga; começa, e acharei o
coração e as forças para tudo empregar em amar-te. (Jacques Bénigne
Bossuet).
“ Somente o encontro com Deus permite não
ver no outro sempre e somente o outro, masreconhecer nele a imagem divina,
acabando assim por descobrir verdadeiramente o outro e tornar maduro um
amor que se concretiza no cuidado do outro e para o outro” (Bento XVI)
Provocados a levantar vôo
No apogeu da vida mística, após um longo
caminho da harmonização interior e exterior, quando “só o amor é já o
exercício” da alma e está feita a união “no mesmo amor” com o Amado, o ser
humano anela por conhecer os Mistérios da Encarnação. No desejo de ver enfim
concluída a união com Aquele que é a “luz dos seus olhos”, como uma pessoa que
chega de longe, logo que chega, procura ver e falar com quem tem grande
amizade, dirige-lhe esta súplica veemente:
“Peço-te, pois, que seja eu a tal ponto
transformado em tua formosura, que, assemelhando-me a ela, possa
ver-me contigo em tua própria formosura, tendo em mim mesma esta formosura que
é tua.
E assim, olhando um para o outro, cada um
veja no outro sua formosura, pois ambos têm a mesma formosura tua,
estando eu já absorvida em tua formosura. Deste modo, eu te verei, a ti,
em tua formosura, e tu hás de ver a mim em tua formosura; eu me verei
em ti na tuaformosura, e tu verás em mim na tua formosura; aparecerá
em mim somente a tuaformosura, e tu aparecerás também em tua própria formosura; então,
minha formosura será a tua, e a tua, minha. E chegarei a ser tu
mesmo, em tua formosura, e tu chegarás a ser eu, em tua mesma formosura,
porque só a tua formosura será a minha, e assim nos veremos um ao
outro em tua formosura”. (S. João da cruz).
Postado por Pierino
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