terça-feira, 3 de julho de 2018

Perdão



É o dom maior.
É amor redobrado.
Refaz as pontes quebradas.
Encurta as distâncias criadas.
Desarma os espíritos em guerra.
Liberta de graves amarras.
É aquele olhar diferente,
Capaz de ler os pensamentos por dentro,
Lá no fundo onde decisões são tomadas
E se curtem sentimentos, antes sem previsão.
E o perdão, amor novo,
nasce de dentro de nós,
sem condições,
nem escamoteações,
sem subterfúgios,
criando paz,
sem restrições, aos corações.
Perdão, algo de Deus.
Assim Deus faz conosco,
reatando, pacientemente,
constantemente,
infinitamente
os fios quebrados do amor.


Frei Pierino Orlandini

Pão Cristo





Os homens,
caminham pelo mundo
cansados, lembrando Emaús...!,   
entristecidos,
sem sonhos, decepcionados,
sem norte, sem direção.
Sem ressurreição.
“Nós esperávamos...! Mas, nada...! ”
“O que aconteceu? ”. Os homens, também hoje, não sabem.
Roubaram-lhes a esperança.
Roubaram-lhe a vida,
roubaram-lhes Cristo, Verdade, Ressurreição e Vida.
E não o encontrarão nos livros,
nem nos espaços etéreos.
Mas Ele, O VIVENTE, se deixa encontrar de bom gosto.
Nos irmãos e na mesa bem posta.
É seu intento.
No gesto reconhecido de benção,
o gesto do pão partido, repartido
que une os homens perdidos,
 no sacramento de amor, da vida e do altar,
no Pão, seu Corpo,
nos outros corpos humanos,  carne de Cristo.
É o meu pão e o nosso pão.
 Este nosso pão se transforma,
Transubstancia-se no seu Corpo, no seu sangue,
sacramentados pelo pão repartido e doado.
Mistério de real comunhão. É o Pão sacramento. É Vida prefigurada, transfigurada, realmente participada. É Cristo, nova e eterna Aliança, no pão partido e partilhado, comungado.

Simples assim...! Amar...!



“ Onde não há amor, coloque amor e colherá amor”. (São João da cruz)

Custa tão pouco, amar!
Um sorriso...
cinco minutinhos de tempo...
um gesto amigável...
um aperto de mão ...
ou um abraço.
Um colo que acolhe...Os braços que envolvem...
Um olhar atencioso para quem “não merece”,
 a alguém não tão simpático...
Uma palavra sussurrada...confortante...
Uma migalha de paciência (é muito?), com sorriso ou uma lágrima...,  
com o “irmão”, “sempre chato”!
Será? ... sempre?... E com todos? ...  Ou será que eu não sei olhar
a fundo e por dentro?
Um olhar compassivo, desarmado, para quem é “prepotente”.
Prepotente?  É “meu” ponto de vista!
Um olhar com doçura, com ternura
 para quem é esquecido por todos...
que  move, promove e constrói!
Um “obrigado ” cordial!
Um “Deus lhe pague! ”, de coração.
E um “me perdoe! ” sincero.
E um “vamos lá, meu amigo, caminhamos na mesma estrada! ”
“Estamos no mesmo barco! ”
“Deus é Pai! ”. É vida. É Amor. É fonte e amante da vida.
Palavras e silêncios e gestos, sinais de esperança, com confiança,
com fé e amor, olhando nos olhos de quem não quer me olhar.
Sou eu quem deve mudar.
Ah! Você lembra?  Aquela “trave em meus olhos e o cisco no olho dos outros”?
Eu mudando,
amando – é  o amor que me muda! -
algo muda no mundo;
não tudo, mas o que depende de mim.
É importante fazer minha parte,
com coisas simples da vida, todos os dias
na construção do Reino.

Frei Pierino Orlandini 09/09/2016

Esquece e sonha!



Rasga o diário cheio
 do que te aconteceu de errado
na vida!
As notas tristes...!
Os números em vermelho...!
O pessimismo...!
Os maus humores...!
O vulto fechado, sem sorriso nos lábios!
Avida é um poema
sabendo criar harmonia.
Prova a pintar,
feito criança, em tua vida
um pedaço de céu azul,
com coração sereno e um olhar cheio de paz.
 Verás, então, o céu e a terra em sintonia,
em teu ser.
 E a beleza que salva.
E gratuidade envolvente.
E a liberdade que fascina.
Tudo dentro de ti, como um céu escondido
e estrelado. Habitado. Não vazio.
Esquece, rasga o ontem sombrio,
E vai já atrás dos teus sonhos sadios!

Frei Pierino Orlandini, ocd